domingo, 30 de dezembro de 2012

DEZ MANDAMENTOS PARA TRANSGREDIR

DEZ MANDAMENTOS PARA TRANSGREDIR


*Caio Fábio

1. É mal fazer o bem para todo aquele que é mau. Ele o odiará pela maldade de seu bem.

2. É mal pensar o bem acerca de quem só concebe o mal. Ele usará você sem escrúpulos.

3. É mal desejar que o Bem aconteça a quem o inveje por você ser bom. Ele o julgará superior e o invejará com todo ódio.

4. É mal realizar o bem a quem tem complexo de inferioridade em relação a você. Ele crerá que você o está humilhando.

5. É mal não fazer nada de mal a quem só deseja o mal a você. Ele não agüentará a sua não resposta às provocações.

6
. É mal ajudar o covarde quando está em desvantagem. Ele pensará que você é cúmplice.

7
. É mal fazer o bem aos que tudo vêem como impuro. Sua bondade será interpretada como frouxidão.

8. É mal fazer o bem aos que o adulam. Eles pensarão que sua bondade é pagamento e tentarão ampliar os negócios com sua alma.

9. É mal fazer o bem a quem não ama. Ele nunca acreditará em você.

10. É mal fazer o bem a quem cobiça. Ele desejará seu bem a serviço dos interesses dele.
Bem, já que é assim, dê uma surra de bondade no mundo! Transgrida esses princípios sempre. Será para o seu Bem. Espero que você seja incorrigível. Seja esse pecador. Peque esse pecado. Sofra desse mal.
Você está condenado!


 
* Caio Fábio foi um líder da Igreja Presbiteriana que era muito badalado. Na década de 90 se envolveu no Dossiê Cayman, além de ter se envolvido em um caso de adultério que praticamente acabou com sua carreira evangélica. Posteriormente foi inocentado no processo que foi movido por Fernando Henrique Cardoso, pelo seu envolvimento no Dossiê Cayman. O pastor abre o bico em vários vídeos disponíveis no You Tube. Fala de Edir Macedo, Crivela, Silas Malafaia e outros, com detalhes sobre dinheiro.
Os vídeos são intitulados Caio Fábio Conta Tudo I e II. Na verdade é um conjunto de vídeos recheado de acusações. O Pastor Silas Malafaia é o maior acusado, falando dos casos com fiéis e chamando-o de ladrão. Fala que Silas confessou que ganhava US$ 40 mil da Igreja Universal do Reino de Deus.

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E a mais recente de Caio Fábio sobre Silas Malafaia:
 
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PS: cliquem no link abaixo para ler também aqui no blog:
 
http://www.youtube.com/watch?v=rJdbtz_GLD4


"Um feliz ano novo para todos os incorrigíveis e transgressores éticos, que sempre visitam esse blog. São os votos do onipresente".

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Quer se bronzear de forma saudável?

Quer se bronzear de forma saudável? A doutora Soraia Aracele dá todas as dicas

por Conceição Lemes
A luz solar é indispensável ao ser humano. Ajuda a prevenir osteoporose. Auxilia o tratamento de doenças, como psoríase, eczema e raquitismo. É também excelente “ferramenta” para enfrentar o estresse, pois leva o cérebro a produzir substâncias que melhoram o humor.
Em compensação, o sol em excesso, todos sabem, traz prejuízos à saúde. Pode causar queimaduras, envelhecimento precoce da cútis, com a formação de manchas, linhas de expressão e rugas, facilita a catarata, a  eclosão de crises de herpes e a instalação ou agravamento de lúpus eritematoso. A exposição exagerada e repetida ao sol é responsável pelo câncer mais frequente no Brasil – o de pele.
“Os prejuízos se devem à associação dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta A e B (UVA e UVB) e dos infravermelhos”, explica a dermatologista Soraia Aracele Lozano,  médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Os malefícios de um potencializam os do outro. É possível, porém, ficar apenas com benefícios, expondo-se de forma saudável ao sol.”
É simples. A doutora Soraia Lozano ensina como.
Blog da Saúde – Quem precisa se proteger dos raios solares?
Soraia Lozano – Todos nós, independentemente de idade, sexo, etnia.
Blog da Saúde – Inclusive os afrodescendentes, certo?
Soraia Lozano  –  Com certeza. Muita gente acredita que os afrodescendentes podem tomar sol à vontade, pois não teriam risco de câncer de pele. É uma ideia falsa.  Os afrodescendentes têm, isto é verdade, menos risco devido à farta produção de melanina. É o pigmento fabricado pelos melanócitos [ células da pele] e que dá cor à pele e atua como filtro solar, prevenindo os danos causados pela radiação solar.
Blog da Saúde – Quem é mais suscetível ao câncer de pele?
Soraia Lozano – Seguramente as pessoas de pele e olhos claros, com cabelos loiros ou ruivos,  são mais suscetíveis; têm menor produção de melanina.
Blog da Saúde – Na prática, o que significa exposição saudável?
Soraia Lozano – Evite a exposição direta e prolongada ao sol entre 10h e 16h, quando os raios solares são mais intensos. É por volta de meio dia (13h, no horário de verão) que a radiação atinge seu pico. Use protetor solar na praia, na piscina, assim como ao praticar esporte ou trabalhar sob o sol. Procure lugares com sombra, sempre que possível. Ela protege você dos raios diretos do sol.
Blog da Saúde – Tendas e guarda-sóis funcionam? 
Soraia Lozano  –  As de nylon deixam passar 95% da radiação solar. Logo, não protegem quase nada. Já os feitos de algodão ou lona são mais efetivos: retêm 50% da radiação ultravioleta. Portanto ajudam, mas não dispensam as demais medidas preventivas, inclusive o uso de protetor solar. A luz solar, ao “bater” na areia, calçada, piso, água, reflete em você, provocando danos à sua pele.
Blog da Saúde – Quanto às roupas, o que recomenda?
Soraia Lozano – Vista roupas claras e leves. As cores claras refletem a luz solar, diminuindo a absorção dela pela sua pele. As feitas de algodão filtram melhor a radiação do que as de tecidos sintéticos. Nos dias com muito sol, proteja-se ainda com boné ou chapéu de abas largas, óculos escuros e camisa de manga longa.
Blog da Saúde – Agora, o filtro solar. Fala-se em fator de proteção solar (FPS) cada vez maior. Qual é o indicado?
Soraia Lozano – Varia de acordo com o tipo de pele e o nível de exposição. Normalmente, o fator 15 é suficiente para a maioria das pessoas, pois se sabe que filtra 94% da radiação ultravioleta. Já pessoas de pele e pele e olhos claros, cabelos loiros ou ruivos,devem utilizar fatores mais elevados. O ideal é um fator de proteção de 20 a 60. Aplique o protetor 30 minutos antes da exposição ao sol em todas as áreas do corpo descobertas, incluindo rosto, orelhas, pescoço, colo, dorso das mãos e braços.
Blog da Saúde – Tem gente que usa FPS 60, por exemplo, achando que pode ficar muito sol.
Soraia Lozano – É outra ideia falsa.  Mesmo usando filtro solar com fator 60, não se deve permanecer longos períodos ao sol.
Blog da Saúde  – Quanto tempo dura a proteção do filtro solar?
Soraia Lozano – O tempo é limitado. Há uma fórmula para calculá-lo, mas não é funcional. Na prática, reaplique a cada três ou quatro horas, durante a exposição solar. Também após entrar na água, praticar esportes ou suar muito. Já existem produtos “à prova de água”, que também devem ser reaplicados.
Blog da Saúde — Protetores solares com fator 30, 60 exigem reaplicação?
Soraia Lozano – Sim. Portanto, se usá-los, reaplique a cada três ou quatro horas. Igualmente após entrar na água, se exercitar ou transpirar muito.
Blog da Saúde – Em dia de mormaço é preciso usar protetor solar?
Soraia Lozano – Sim. Embora a “ausência” de sol atenue a radiação ultravioleta, a neblina quente e úmida, resultante de forte calor, é suficiente para produzir queimaduras. Ou seja, o mormaço apenas mascara a falta de sol aparente. Portanto, para se proteger realmente, use, sim, protetor solar, mesmo que só tenha mormaço.
Blog da Saúde – Quando usar filtro solar? 
Soraia Lozano  – Sempre que frequentar piscina, praia, rio ou cachoeira. Também se trabalhar ao ar livre – como carteiros, garis, salva-vidas e vendedores; sair para caminhar ou resolver assuntos em dias ensolarados. É importante levar consigo o filtro para reaplicação, se necessário.
Blog da Saúde – O filtro solar previne todos os tipos de câncer de pele?
Soraia Lozano – Previne a imensa maioria. Vou explicar. A pele é dividida em camadas. O tipo de câncer depende da camada afetada. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, os mais frequentes são o carcinoma basocelular, responsável por 70% dos diagnósticos de câncer de pele, e o carcinoma epidermoide (ou espinocelular), com 25% dos casos. Felizmente, o filtro solar previne ambos…
Blog da Saúde – E o melanoma?
Soraia Lozano – O melanoma, não. Ele corresponde a 4% dos casos de câncer de pele no Brasil. É o mais agressivo, com alto risco de se espalhar para outros órgãos, através dos gânglios linfáticos, provocar metástase e ser fatal. Quanto mais cedo forem o diagnóstico e o tratamento do câncer de pele, menor o risco de mutilações e maior a probabilidade de cura.
Blog da Saúde – O melanoma é mais freqüente em quem?
Soraia Lozano  – Nas pessoas de pele clara, mas podem se formar também em negros, mulatos, indígenas.  Na maioria das vezes manifesta-se por lesão pigmentada que surge do nada ou da transformação de uma pinta que o indivíduo tem desde o nascimento. Atenção, portanto, às pintas, perebas, manchas. Mudou de cor, tamanho e sensibilidade, corra para remover.
Blog da Saúde — A exposição excessiva ao sol faz realmente mal em todas as idades?

Soraia Lozano – Seguramente , do bebê ao idoso. Embora os efeitos nocivos dos raios solares sobre a pele se manifestem principalmente a partir dos 40 anos, eles se acumulam ao longo da vida.
Blog da Saúde – A partir de quantos meses, os bebês podem se expor diretamente ao sol?
Soraia Lozano – Só depois dos 6 meses. Antes, não devem – de modo algum!  Seus melanócitos ainda não funcionam.
Blog da Saúde – Algumas leitoras talvez murmurando:  “Ah, mas eu adoro me bronzear. Bem queimada fico linda…
Soraia Lozano – Realmente, você fica mais bonita agora, mas, no futuro, a sua pele envelhecerá mais depressa, as rugas e as manchas serão mais precoces. Pense nisso. Proteja sua pele dos raios solares. Evite torrar-se ao sol.
Blog da Saúde — Doutora, para finalizar, alguns leitores — principalmente mulheres —  certamente gostariam de fazer mais esta pergunta à senhora: as câmaras de bronzeamento artificial, proibidas desde o final de 2011,  causam mesmo danos à saúde?
Soraia Lozano — A resposta é sim! Há anos se sabe que os raios emitidos pelas câmaras de bronzeamento artificial podem causar queimaduras, envelhecimento precoce da cútis, com a formação de manchas, linhas de expressão e rugas, e câncer de pele.
Aliás, em julho de 2011, a IARC, Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer, órgão vinculado à Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou o risco das cabines de bronzeamento artificial: de causa provável para causa concreta de tumores de pele. A IARC concluiu que o uso delas antes dos 35 anos de idade aumenta em 75% o risco de melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele.
Mesmo assim, muitas clínicas de estética do país anunciavam que suas máquinas lançavam apenas raios ultravioleta A – a radiação UVA – e não causavam danos. Uma propaganda enganosa, pois não existem cabines que emitam apenas UVA. Todas lançam os UVB também. Os UVB, aliás, são os que dão a cor dourada à pele. Fique longe delas

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

foto com identificação

ah

Prezado Eduardo: Um senador da Roma antiga, chamado Lutácio Catulo, disse certa vez uma frase que ficou célebre “Cesar já não ataca a república sorrateiramente: ei-lo a armar abertamente suas máquinas”. Nos dias atuais a mídia golpista agrupa todos os seus “paus-mandados” e armam abertamente um golpe contra o Brasil. Essa mídia e seus seguidores não querem que o pais seja livre das mazelas que foram plantadas e defendidas pelas elites passadas e presente, nem deseja que o povo tenha uma vida material menos miserável do que aquela que herdamos nos últimos 80 anos dos governos da UDN, ARENA,PFL e PSDB e que ainda temos; apesar da miséria ter diminuído e muito nos últimos dez anos com a chegada do PT à presidência da República. O bom para essa mídia e seus financiadores é que fiquemos sempre aliados àqueles que nos chantagearam e fizeram o Brasil entrar na segunda guerra mundial ( é bom frisar que tanto o gal. Gois Monteiro como o gal. Eurico Dutra que, posteriormente veio a ser presidente da república, não queiram que o Brasil fosse à guerra. Esses dois generais fizeram uma declaração por escrito ao senhor Getúlio Vargas ”consideramos nossos dever reiterar que as Forças Armadas do Brasil não estão suficientemente preparadas e equipadas para defender o Pais”) . Veja que a pindaíba das nossas forças armadas já vem de um longo tempo. A mídia venal faz tudo para esconder e negar os avanços que o país teve e está tendo nos últimos dez anos .O seu artigo de hoje é mais uma demonstração disso. Além do crescimento do PIB ao longo dos últimos anos, seria bom você fazer uma comparação das populações economicamente ativas do Brasil, Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, França, Itália e o número de desempregados. Só lembro que hoje cento e dezenove milhões de pessoas ficaram pobres na Europa (a Grécia tem vinte e seis por cento de desempregados e Portugal dezesseis por cento) e nos EEUU mais de quarenta milhões de pessoas só se alimentam porque recebem vale-refeição.
Já dizia o historiador e filósofo grego Plutarco “ o desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e fatal doença de todas as repúblicas”. A vida nos ensina que um povo faz revolução ou por consciência política ou quando a miséria torna-se insuportável e este povo nada tem a perder “a não ser os grilhões”.
Para a mídia golpista e seus seguidores o bom é a concentração das riquezas nas mãos de poucos e quanto maior o exército de miseráveis, melhor para eles para manter os povos submissos ao deus-capital, aumentando assim o número de desempregados para que a mão de obra(o esforço do trabalho) possa ser vendida mais barata e o trabalhador abra mão das suas conquistas sociais e dos seus direitos trabalhistas, como está acontecendo na Europa e que os empresários brasileiros e a mídia venal estão martelando diariamente para que isso aconteça no Brasil. ”Segundo as Nações Unidas, apesar da melhoria econômica em muitas regiões , o mundo é menos igual que a uma década. Hoje, os países mais ricos do mundo EEUU, e os da União Européia e Japão, são em média mais de cem vezes mais ricos do que os mais pobres –Etiópia, Haiti e Nepal. Há cem anos a taxa era de 9 para 1.A taxa entre o PIB do pais mais rico de hoje, em termos per capita, Luxemburgo e o mais pobre Guiné-Bissau é de 267 para 1. Hoje, as mil pessoas mais ricas do mundo têm somados uma riqueza maior que os dois bilhões e quinhentos milhões de pessoas mais pobres” O número é esse mesmo: dois bilhões e quinhentos milhões.
Acredito que é isso que essa turma de críticos ao governo do PT está querendo, que a desigualdade aumente e chegue como era a Alemanha em 1923, quando um quarto das crianças de Berlim em idade escolar sofria de desnutrição e que os juros e o desemprego voltem à época em que O PSDB estava no poder.
A presidenta Dilma está sob fogo cerrado porque:
1° – é um governo de esquerda e a direita não se conforma em estar fora do poder central.
2° – a inflação é bem menor do que no final do governo FHC (Será que essa turma está querendo que a inflação suba e chegue à situação da Alemanha em 1923 quando um quilo de pão custava exatos cento e quarenta bilhões de marcos. Isso mesmo, cento e quarenta bilhões. Isso em 5 de novembro daquele ano.)
3° – mexeu com o capital financeiro (parasita) e com os rentistas nacionais e internacionais.
4° – mexeu com as companhias elétricas. Muitas delas utilizam equipamentos (medidores de energia) ultrapassados que marcam consumo maior do que realmente é consumido. Em minha casa foi trocado há dez dias o medidor e o técnico da própria empresa foi quem me disse que o meu consumo está sendo marcado onze por cento acima do meu consumo real. Como o medidor estava instalado há mais de quinze anos, alguém está ganhando desonestamente o meu dinheiro.
5° – Acredito que a próxima briga da presidenta Dilma deve ser com os laboratórios farmacêuticos .
Para finalizar: Acredito que posso dizer com alguns jornalistas e políticos do Brasil a frase que foi dita pelo General de divisão do exército americano Smedley D. Butler “eu passei 33 anos e 4 meses de serviço ativo na força militar mais ágil do pais, os fuzileiros navais. Servi em todos os postos, de segundo tenente a general de divisão. E durante esse período eu passei a maior parte do tempo sendo um capanga de alto nível de grandes empresas, de Wall Street e dos banqueiros. Fui um extorcionário, um gângster do capitalismo”
Esse general invadiu Cuba, Nicarágua, México, República Dominicana e a China (esse pais em 1927) “tudo isso para levar a democracia e progresso a esses povos” .
Dessa mídia em relação ao PT não sai mel, somente fel.

Pois é, infelizmente o PT cumprirá o prometido de não reestatizar nada. É uma pena pois:
1- temos uma das tarifas de energia elétrica mais caras do mundo, apesar de nossa geração hidrelétrica ter o CUSTO MAIS BAIXO DO MUNDO. É o resultado dos contratos benevolentes de FHC com os investidore$ amigo$. Detalhe: esses investidores financiam as campanhas dos demotucanos.
2- temos uma das telefonias mais caras do mundo, com um serviço péssimo. Resultado da privataria de FHC, que entregou a telefonia a gente como o banqueiro condenado Daniel Dantas.
3- a Vale vende nosso minério para a China a preço de banana e compra deles dezenas de “super-navios” a preço de ouro, navios cujo aço foi feito COM NOSSO MINÉRIO. Um verdadeiro negócio da China… para os chineses.
Essas são apenas algumas consequências nefastas da privataria.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Avaaz: uma cortina de fumo que esconde as bombas de urânio empobrecido

Avaaz: uma cortina de fumo que esconde
as bombas de urânio empobrecido

por Dominique Guillet
O ex-presidente brasileiro F.H. Cardoso e o secretário-geral da ONU são alguns dos que apoiam campanhas da Avaaz. Pouco tempo depois da operação psicológica especial designada 11/Set, o general Wesley Clark, antigo comandante supremo da OTAN (Organização Terrorista do Atlântico Norte) encontra-se, no Pentágono, com um oficial do estado-maior que o convida a consultar um documento confidencial saído do Ministério da Defesa dos EUA e que estipula que, nos cinco anos seguintes, os EUA irão invadir ("libertar" na linguagem orwelliana) sete países: o Iraque, a Síria, o Líbano, a Líbia, a Somália, o Sudão e o Irão.

O general Wesley Clark, já na reserva, exprimiu-se publicamente sobre este assunto: "Era uma declaração espantosa: o exército ia servir para desencadear guerras e fazer cair governos e não para impedir os conflitos. Íamos invadir países. Fiquei baralhado. Pus aquilo de parte, era como uma pepita que guardamos. Um grupo de pessoas tinha conseguido o controlo do país com um golpe de estado político: Wolfowitz, Cheney, Rumsfeld… eu podia nomear mais uma meia dúzia de outros colaboradores do Projecto para um Novo Século Americano (PNAC). Queriam desestabilizar o Médio Oriente, alterá-lo e colocá-lo sob o nosso controlo". [1] [1]

Será então uma coincidência a organização denominada Avaaz ter apoiado as intervenções militares na Líbia ( [19] , [20] , [21] ) e na Síria ( [25] , [26] , [27] , www.avaaz.org/en/us_and_india_stop_syrias_merchants_of_death/ Será então uma coincidência a Avaaz ter-se metido nos assuntos internos da Somália ( [2] , [3] , [4] )? Será então uma coincidência a Avaaz ter-se metido nos assuntos internos do Sudão ( [5] ) acusando, ainda por cima, o tão diabolizado Irão de fornecer armas ( [7] , [8] )? Será então uma coincidência a Avaaz ter-se metido nos assuntos internos do Irão ( []9] , [10] )?

Quem são então esses "activistas Avaaz" implicados muito concretamente, em 2012, nas operações de desestabilização da Síria ( [11] )?

A organização Avaaz não será pura e simplesmente uma testa de ferro da CIA, uma gigantesca cortina de fumo ocultando as bombas libertadoras de urânio empobrecido do imperialismo ocidental?

No Outono de 2009, quando redigia os meus quatro artigos sobre a vigarice do aquecimento climático de origem antrogénica ( www.liberterre.fr/gaiasophia/gaia-climats/generaux/caniculs.html ), descobri que esta organização solicitava aos activistas a recolha de fundos, no espaço de uns dias, de 150 mil dólares a fim de criar um blogue durante a Cimeira de Estocolmo. "Só nos restam uns dias. Se, daqui até segunda-feira, pudermos juntar 150 mil dólares, a Avaaz poderá utilizar grandes meios neste projecto: construir um mapa do mundo e um blogue no estilo do Twitter que permita ligar todos os acontecimentos organizados para o clima a 21 de Setembro; pôr em funcionamento uma base de dados telefónicos mundial que permita a milhares de pessoas inundar os nossos dirigentes com telefonemas; e finalmente contratar uma equipa de profissionais que façam a diferença no terreno mediático, frente aos poderosos lobbies industriais e petrolíferos".

Cento e cinquenta mil dólares financiados por militantes ingénuos para criar um blogue!! Devemos estar a sonhar. Na altura, eu pensava que a Avaaz não passava duma ONG fraudulenta, mais uma, uma Organização para eNganar os in Génuos, cujo único objectivo era obter dinheiro dos activistas e cuja ferramenta principal se baseava nas patologias modernas, a pedinchice aguda e a conjugação desenfreada do verbo "clicar". E é claro que a Avaaz é fantástica enquanto maquinismo gigantesco para clicar/extrair dólares/euros. Basta consultar na internet uma das suas campanhas, em 2009, para angariar fundos, à custa de pequenas quantias:

"É um momento duma importância crucial para o Irão e para o mundo. Podemos ajudar a dar a conhecer a verdade organizando urgentemente uma sondagem pós-eleitoral rigorosa junto dos cidadãos iranianos, telefonando-lhes a perguntar em quem votaram e publicando os resultados nos meios de comunicação. Está em jogo mais de um terço dos votos – e a nossa sondagem poderá assim provar quem diz a verdade. Se conseguirmos recolher 119 mil euros nas próximas 24 horas, poderemos publicar os resultados antes de o Conselho dos guardiões da Constituição tornar públicos os resultados da sua recontagem de votos. Se viermos a reunir mais dinheiro, poderemos alargar o âmbito desta campanha. Temos uma necessidade urgente de que 10 mil pessoas nos dêem uma pequena quantia. Ajudem a financiar a sondagem a partir de agora utilizando o formulário de segurança fornecido abaixo" ( [10] )

De resto, ficamos sem saber o que é que está seguro na Avaaz porque a frase seguinte aparece a vermelho gordo: "$228,449 foi a contribuição para ajudar a financiar uma sondagem quanto à verdade no Irão". Onde é que isto aparece? No site da Avaaz França porque ainda hoje, em Novembro de 2012, continua a ser possível apoiar no botão Paypal para contribuir financeiramente para esta sondagem, no mínimo, muito "pós-eleitoral". Depois de verificar a mesma campanha no site da Avaaz dos EUA, verifica-se que a casa mãe se desfez em desculpas, em 2009, por causa da impossibilidade de efectuar a dita sondagem por culpa da corrupção no Irão. Na época, a Avaaz propôs aos espoliados, evidentemente com toda a sinceridade, reembolsar a sua contribuição – enviando um email – ou de colocá-la à disposição duma outra campanha que acabavam de lançar para garantir uma internet livre no Irão!! ( [12] )… e para garantir o mealheiro no Paypal.

Porque a Avaaz precisa de dinheiro, de muito dinheiro, para organizar as suas petições virtuais a partir de uns computadores, e sobretudo para as remunerações dos seus quadros. Porque, afirmamos alto e bom som, os quadros da Avaaz não são remunerados com amendoins virtuais: o fundador e director executivo, Ricken Patel, recebeu em 2010, a modesta quantia salarial de 183. 264 dólares (15.200 dólares por mês) – um ligeiro aumento em relação aos seus salários de 120 mil 000 dólares dos anos anteriores – enquanto o director de campanha, Bem Wikler, arrecadou 111.384 dólares de salário. Nesse mesmo ano de 2010, a Avaaz declarou na folha de rendimentos (modelo 990): 921.592 dólares de "despesas de campanhas e de consultoria", 182.196 dólares de "despesas de viagens", 262.954 dólares de "despesas de publicidade", 404.889 dólares de "despesas de tecnologia de informação", etc. etc. Tudo isto tresanda a fraude financeira e a nepotismo arqui-dolarizado. No meio das despesas de gestão, a Avaaz pagou a Milena Berry (e a Paul, o marido dela), por um trabalho de consultadoria IT (tecnologia de informação) a bagatela de 245.182 dólares em 2009 e de 294 mil dólares em 2010. Apesar da enorme remuneração de Milena Berry, que se apresenta como a técnica chefe da gestão informática da organização, a Avaaz fez apelo à generosidade das contribuições, a fim de reforçar o seu sistema informático, na sequência de um alegado ciber-ataque em Maio de 2012. Sem comentários.

De resto, a organização Avaaz não parece estar com muita pressa em publicar a sua declaração de rendimentos para 2011, o que é muito compreensível, dada a pletora de artigos, que aparecem na internet, a fim de denunciar esta organização fraudulenta. Em meados de Novembro de 2012, o "modelo 990" continua ausente do seu site enquanto o relatório da auditoria financeira foi entregue pelo seu gabinete de contabilidade de Nova Iorque (Lederer, Levine e associados) a 19 de Junho de 2012.

A Avaaz foi criada em 2006 pela MoveOn.org e a Res Publica. " Avaaz ", em diversas línguas da Ásia e da Europa de Leste significa "a voz". A voz silenciosa, por detrás da Avaaz e da Res Publica, é a de três indivíduos: Tom Perriello, antigo membro do Congresso dos EUA, Ricken Patel, consultor de numerosas entidades controladas pelos psicopatas predadores, e Tom Pravda, antigo diplomata da Inglaterra, consultor do Ministério do Interior dos EUA.

Entre os outros fundadores da Avaaz encontram-se Eli Pariser (director executivo da MoveOn), Andrea Woodhouse (consultor do Banco Mundial), Jeremy Heimans (co-fundador de GetUp! e de Purpose), e o empresário australiano David Madden (co-fundador de GetUp! e de Purpose).

A MoveOn, co-fundadora da Avaaz, distribuiu, em 2002, por intermédio do seu Comité de Acção Política, 3,5 milhões de dólares a 36 políticos candidatos ao Congresso dos EUA. Em Novembro de 2003, a MoveOn recebeu 5 milhões de dólares do especulador multimilionário George Soros. De resto, Ricken Patel declarou publicamente que o Open Society Institute de George Soros (re-baptizado em 2011 de Open Society Foundation) era um dos membros fundadores da Avaaz.

Quem é George Soros? Um dos predadores psicopatas na direcção do CFR (Council for Foreign Relations) e um dos membros do Grupo Bilderberg. O CFR e o Grupo Bilderberg são duas das falsas pernas nascidas na cloaca denominada "Nova Ordem Mundial". O CFR e o Grupo Bilderberg foram criados pelos Rockefellers, a família responsável por numerosos males que assolam o planeta. Só para lembrar, a Fundação Rockefeller promoveu as leis eugenistas nos EUA a partir do início do século passado; financiou o nazismo antes e durante a segunda guerra mundial; financiou as investigações genéticas, a partir de 1945 e, portanto, todo o sector das quimeras genéticas; lançou a devastadora Revolução Verde…

A Avaaz foi, em Junho de 2009, um dos parceiros na campanha Tcktcktck, lançada pelo Havas, ao lado da EDF, do Loyds Bank… e do 350.org, uma organização financiada pela Fundação Ford, pela Fundação Rockefeller, pelo Rockefeller Brothers Fund e pelo multimilionário George Soros.

George Soros é o financeiro incontornável de toda esta movimentação de ONGs de objectivos ocultos. Durante o Verão de 2009, o Open Society Institute (de Soros) deu uma subvenção de 150 mil dólares à Avaaz. Além desta subvenção, a Avaaz recebeu da Res Publica (financiada por Soros) 225 mil dólares em 2006, 950 mil dólares em 2007 e 500 mil dólares em 2008. A Foundation to Promote Open Society (de Soros) deu à Avaaz, em 2008/2009, 300 mil dólares de apoio geral e 300 mil dólares para a campanha (sobre a fraude) climática durante a qual a Avaaz brilhou especialmente na sua sabedoria para arrebanhar dinheiro não virtual a fim de combater o aquecimento climático virtual com petições igualmente virtuais. De resto, Ricken Patel não especifica em parte alguma, na sua cruzada contra o aquecimento climático antropogénico, como é que efectua o reembolso da "pegada de carbono" gerada pelos emolumentos grandiosos dos seus bons amigos no seio da Avaaz (uma redistribuição das liberalidades generosas da clique de Soros, enquanto a Avaaz pretende descaradamente que a organização só recebe dinheiro de contribuições individuais!!!) e o reembolso da "pegada de carbono" gerada pelos seus salários muito elevados na Avaaz! Trata-se provavelmente de um reembolso virtual.

E, ainda por cima, não fomos verificar se os múltiplos chapéus de Ricken Patel geravam múltiplas "pegadas de carbono" ligadas a múltiplos salários. Com efeito, ele é co-fundador e co-director de Faith in Public Life (uma grande organização cristã); é consultor do International Crisis Group, para a Fundação Rockefeller, para a Fundação Bill Gates, para a ONU, para a Universidade de Harvard, para a CARE International, para o International Center for Transitional Justice; é co-fundador e co-director de DarfurGenocide.org; é co-fundador e director de ResPublica. Etc, etc., ad nauseam.

Na clique dos fundadores da Avaaz – cuja ideologia está fundada na prática do clique-clique e no síndrome da pequena quantia – Patel não é o único a ostentar múltiplos chapéus. Encontramos Tom Perriello na consultoria ou na direcção em: National Council of Churches of Christ, Catholics United, Catholics in Alliance for the Common Good, Faithful America, Faith in Public Life, Center for a Sustainable Economy, Center for American Progress Action Fund, Youth and Environmental Campaigns, E-Mediat Jordan, International Center for Transitional Justice, Res Publica, The Century Foundation, ONU, Open Society Institute, etc, etc. Trabalhou com o Reverendo Dr. James Forbes sobre conceitos de "justiça profética". Tom Perriello apoia a operação psicológica especial denominada "guerra ao terrorismo" que foi lançada por Bush e prolongada por Obama. A sua visão de Israel faz parte do conto de fadas: considera este país como uma das "criações mais espectaculares e excitantes da comunidade internacional" no século XX e está convencido que "existe uma relação estratégica e moral permanente entre os EUA e Israel". Etc., etc., ad nauseam.

O grande amor que Tom Perriello experimenta por Israel não impede minimamente a Avaaz de lançar uma petição para apoiar os infelizes palestinos perseguidos pelo Estado Sionista! E é aí que reside o grande génio estratégico da Avaaz para enganar os militantes e activistas sinceros: a Avaaz promove, de vez em quando, causas "nobres": as abelhas, os palestinos… e até mesmo Kokopelli [sementes orgânicas]. A Avaaz chegou mesmo a lançar uma petição para meter os banqueiros na prisão, os mesmos banqueiros que promoveram com a Avaaz a legislação "cap and trade" (JP Morgan Chase, Bank of America,,,) ou com os quais os fundadores da Avaaz colaboram no International Crisis Group (Morgan Stanley, Deutsche Bank Group...).

A Avaaz chega ao cume da grande palhaçada quando a organização lança uma campanha para parar com a "guerra contra as drogas". A 3 de Junho de 2011, a marioneta Ban Ki-moon recebeu das mãos de Ricken Patel – acompanhado de Richard Branson, fundador de Virgin – uma petição de 600.267 pessoas: "End the War on Drugs". De que é que estamos a falar? Duma campanha de despenalização do canábis, da ayahuasca, dos cogumelos psilocibinos e do peiote? Ou será duma campanha para fazer parar a guerra contra a gangrena social que é a comercialização em larga escala da heroína e da cocaína? Apostamos que se trata mesmo desta segunda alternativa, A heroína e a cocaína constituem as duas fontes mais generosas das caixas negras da mafia dos psicopatas predadores, em simultâneo com a liquidez dos grandes bancos internacionais. A presença da Aliança Ocidental no Afeganistão explica-se, entre outras razões, pelo controlo do ópio em que 95% da produção mundial está concentrada neste país. Quais são os jornalistas, dignos desse nome, que têm informado o público quanto ao escândalo gigantesco do branqueamento de centenas de milhares de milhões de dólares do dinheiro da heroína e da cocaína pelos grandes bancos internacionais ( www.hsgac.senate.gov/... , www.policymic.com/... ): HSBC, Wells Fargo, Bank of America....?

Todas as campanhas não passam duma gigantesca cortina de fumo para ocultar todas as finalidades odiosas que a Avaaz apoia ao serviço do Imperialismo Ocidental: a destruição da Líbia, a desestabilização da Síria, a desestabilização do Irão, a desestabilização da Bolívia de Evo Morales.

Todas estas operações de destruição e de desestabilização de países soberanos são promovidas por Tom Perriello, cujas visões belicistas ("pro-war") não são segredo para ninguém.

Num vídeo ( [14] ), Tom Perriello, é apresentado como o respeitável director do E.Mediat Jordan, uma organização localizada na Jordânia, um país limítrofe do Iraque e da Síria. Dirige-se aos jovens dessa organização ("um centro de treino, de tecnologias e de ferramentas") que estão dispostos, declara ele, "a sacrificar-se pelo seu país", a saber, a servir de carne para canhão para o avanço do Imperialismo Ocidental.

Em Maio de 2009, enquanto 60 membros do Congresso dos EU votaram contra a atribuição de 97 mil milhões de dólares suplementares para as guerras do Iraque e do Afeganistão, Tom Perriello votou a favor.

Em Março de 2010, foi organizada uma recepção pelas duas organizações de coloração pseudo-verde "League of Conservation Voters" e "Environmental Defense Action Fund" para angariar fundos para a reeleição de Tom Perriello para o Congresso dos EUA. A MoveOn.org, co-fundadora do Avaaz, atribuiu-lhe 100 mil dólares para a sua campanha de reeleição.

Em Março de 2010, enquanto 60 membros do Congresso dos EUA votaram contra o prolongamento da guerra no Afeganistão, Tom Perriello votou a favor.

A 27 de Julho de 2010, Tom Perriello votou contra a retirada das tropas dos EUA do Paquistão.

A 27 de Julho de 2010, enquanto 115 membros do Congresso dos EUA votaram contra a atribuição de 33 mil milhões de dólares suplementares para a guerra do Iraque, Tom Perriello votou a favor.

A 30 de Julho de 2010, Tom Perriello votou contra os regulamentos (HR 3534) que pretendiam enquadrar as operações de perfuração de petróleo no mar alto e votou a favor da suspensão duma moratória impondo salvaguardas às ditas perfurações no alto mar.

A 15 de Dezembro de 2011, Tom Perriello torna-se director da CAP Action, um dos ramos do Center for American Progress. Na revista Democracy Journal, depois de ter elogiado o "êxito" da intervenção militar na Líbia, declarou:

"Hoje, Khadafi está morto e o povo líbio pode, pela primeira vez desde há decénios, gozar a oportunidade dum governo responsável e democrático… Não houve mortos nas tropas americanas. Os combatentes rebeldes e a grande maioria da população festejaram a vitória como uma libertação e os sírios corajosos que quotidianamente arriscam a morte opondo-se ao seu próprio regime repressivo, rejubilaram com a queda de Khadafi. Todos estes feitos não são pequenas proezas para os que se preocupam com a dignidade, com a democracia e com a estabilidade…"

São efectivamente grandes feitos que caracterizam a "libertação" da Líbia que foi o país mais rico de África: um caos social generalizado, atentados quotidianos, lutas intestinas permanentes, sem esquecer os 50 a 100 mil civis líbios libertados para sempre da "opressão" de Khadafi porque morreram sob as bombas de urânio empobrecido do Ocidente.

Seja através das concepções belicistas dos seus fundadores, seja das suas próprias campanhas de desestabilização e de invasão militar de países soberanos, a Avaaz é claramente uma organização cúmplice de crimes de guerra.

Não tenho tempo nem desejo de sondar mais as profundezas de imoralidade desta crápula organização. Remeto os leitores e leitoras para numerosos artigos e testemunhos que começam a aparecer na internet ( [29] , [30] , [31] , advivo.com.br/blog/luisnassif/avaaz-golpe-ou-verdade ) e, em especial, para os quatro excelentes relatórios de investigação redigidos no Canadá por Cory Morningstar. ( [15] , [16] , [17] , [19] ).

Do que estou convencido é de que a enorme cortina de fumo colocada pela Avaaz por intermédio de campanhas "humanistas" a favor dos palestinos, das abelhas, da floresta do Amazonas ou de Kokopelli… está em vias de se esgotar rapidamente. A Avaaz é a "voz" oculta do complexo militar-industrial que procura semear o caos da guerra por todo o planeta.

Avaaz, abaixo a máscara!
14/Novembro/2012
O original encontra-se em www.legrandsoir.info/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

contestado

SYLVIO BACK | CINEASTA, POETA E DIRETOR DE 38 FILMES, ENTRE ELES O CONTESTADO - RESTOS MORTAIS
História, memória, pretérito, pra que te quero? No entanto, há que se exigir “luz, mais luz!”, como balbuciou Goethe (1749-1832) no leito de morte. Sim, os insólitos e decisivos episódios de um dos mais desfrutáveis contornos anímicos do País - inaudita mescla de civilização e barbárie nos cafundós de Santa Catarina e do Paraná - permanecem soterrados a sete palmos pela tortuosamente amnésica História do Brasil. Quando não, enovelados por uma absoluta indiferença e assaz suspeita omissão.
Contestado: reproduçao de foto do arquivo do exército do Rio de Janeiro - Celso Junior/Estadão
Celso Junior/Estadão
Contestado: reproduçao de foto do arquivo do exército do Rio de Janeiro
A Guerra do Contestado (1912-1916), o maior levante bélico no campo brasileiro do século 20, verdadeira guerra civil nos sertões sulistas, em plena efeméride de seu centenário, vem se transformando em um zumbi do nosso passado recente. Suas perturbadoras vísceras morais, míticas, políticas e ideológicas, que continuam a nos assombrar, estão a exigir exorcização que a catapulte à pertinência e à atualidade.
A 20 de outubro de 1916, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sob a égide do presidente da República, Venceslau Brás, o presidente de Santa Catarina, Felipe Schmidt, e Afonso Camargo, presidente do Paraná, “... inspirados no amor à paz...”, firmaram pacto que, aparentemente, selou o fim das sangrentas hostilidades nas e entre as então províncias (Estados) vizinhas.
Era uma paz enganosa, porque nos dois anos subsequentes, por meio das chamadas “varreduras”, sob o comando do então capitão “Rosinha” (José Vieira da Rosa, 1869-1957), da Polícia Militar de Santa Catarina, perpetrou-se um autêntico genocídio, com a perseguição e matança de centenas de rebeldes e caboclos indefesos. Nessas varreduras, oficialmente conhecidas no meio militar como “raides proveitosos” (sic), não havia diálogo entre o caçador e o caçado, apenas o matraquear do tiroteio, o pavor de velhos inermes e o choro de mulheres e crianças. Massacres do tipo do “My Lai” vietnamita (1968), avant la lettre.
Nestes seus cem anos, não se espantem, a Guerra do Contestado debate-se, misteriosa e sintomaticamente, imersa no mais inacreditável esquecimento factual e investigativo, que, aliás, sempre lhe maculou a imagem e o reconhecimento de várias gerações de historiadores. O que, afinal, não é nenhuma novidade.
Essa omissão e descaso ativos nada mais são do que um genérico regional (leia-se, provinciano) com que nossa historiografia, quase toda ela de extrato acadêmico, com as exceções de praxe, imprime seu enfoque unívoco, e ideologicamente (à direita e à esquerda) chamuscado, sobre um passado que lhe é estranho, ainda que entranhado. Daí o Contestado ter-se transformado num autêntico buraco negro da História do Brasil!
Quase sempre, a pegada desses escribas de plantão é o achatamento e a desqualificação da Guerra do Contestado. Quando não, utilizam-na como caricatura ideológica que faça coro com um seu ideário de toque político raso e radical, tentando, a todo custo, ancorá-la em qualquer agito similar que surja no campo. Ou, então, ignorar sua estatura geopolítica e prevalência na fecundação do moderno capitalismo no Brasil, para obliterar seu complexo substrato ideológico-institucional em plena neo-república.
E, ainda, para subestimar ou superestimar o amálgama místico-religioso (o “espírito de irmandade”, a submissão voluntária e a autoridade castrense que vigiam dentro dos redutos), ou para edulcorar os flagrantes de delinquência e ilícitos de nítido caráter terrorista que marcaram a ferro e fogo milhares de viventes e incontáveis interesses locais, nacionais e internacionais.
Ali, no Contestado, ao sul e a oeste das então fluídicas fronteiras entre Santa Catarina e Paraná, deu-se um embate fratricida de quatro anos; ali, em torno de 7 mil homens, um terço do efetivo do Exército brasileiro, promoveu um morticínio exemplar e único no século 20, sob o comando do general Setembrino de Carvalho (1861-1947), coautor da tragédia de Vaza-Barris havia menos de duas décadas. E, onde, entre mortos e feridos, como em Canudos, se revezavam na brutalidade, espelhando-se mutuamente na sangueira e na insensatez, cada um empunhando a “sua” bandeira da verdade secular e de transcendência messiânica.
Incontornável: no Contestado matou-se à bala, à baioneta e na degola, e tombaram de fome, doençaria e perdição, entre soldados, caboclos e fanáticos, mais de 20 mil pretos, cafuzos, bugres e índios aculturados, imigrantes europeus (poloneses, alemães, ucranianos, rutenos), retirantes e trânsfugas de todos os grotões miseráveis do País. Hoje, centenas de cruzeiros sem nome e data, às vezes emoldurados com fitas coloridas, à sombra dos verdejantes pinheirais remanescentes e das sombrias florestas de Pinus elliottii do planalto catarinense, ainda clamam por justiça e reparação histórica.
No Contestado, a refrega teve inequívocos lances separatistas. Talvez resida aí uma das razões pelas quais se teme tanto mexer e rever o conflito na sua integridade holística, denunciando executantes e mandantes, desencavando valas crematórias, lápides e necrológios. A caudilhesca Revolução Farroupilha (1835-1845), que deu na breve “República Piratini”, era explicitamente autonomista, uma macabra antevisão sesquicentenária do dístico “o Sul é o meu país” - ao contrário do Contestado, onde essa vocação nunca foi coletiva, nem havia unanimidade política quanto a uma possível secessão, e muito menos representou o insumo para a longevidade da desgraceira.
Mesmo que chefetes, ex-lideranças de Gumercindo Saraiva, um dos comandantes da malograda, também separatista, Revolução Federalista (1893-1895), chegassem a propor, em 1914, a criação de um Estado autocrático batizado de “Monarquia Sul Brasileira”, que incorporaria tanto o Paraná como o Rio Grande do Sul, estendendo-se ao Rio de Janeiro. Na “Carta Magna”, que deixa escapar laivos republicanos, além de uma inusitada liberdade de voto, culto e de opinião, sonhava-se até com a criação de um Ministério da Marinha e a anexação da Banda Oriental do Uruguai, “antiga Província Cisplatina”...
Não raro o Contestado é associado à Guerra de Canudos (1896-1897), sendo inclusive chamado, equivocadamente, de “Canudos do Sul”, e faz mesmo algum sentido semântico, pois já nas primeiras notícias de ajuntamentos messiânicos na região, no início do século 20, a expressão veio a lume na mídia. No entanto, o Contestado diferencia-se de Canudos menos pela sua origem igualmente milenarista, como é reconhecido esse surto religioso de deserdados que agem em uníssono almejando uma suposta redenção moral de mil anos.
Tudo atiçado pelo verbo, ora incandescente ora melífluo, de um “messias”, com subtexto cristão revanchista e de restauro de um idílico tempo de benesses e bem-estar geral e perene. Esse “salvador” de homens e almas tanto pode ser um Antônio Conselheiro como os dois “padroeiros” do Contestado, os “sãos” João Maria, histórico e pacifista, e o bruxo incendiário José Maria, de passado dito criminoso, idolatrado por suas mandingas e curas e por arrecadar dinheiro dos caboclos para promover o assentamento fraudulento deles em terras devolutas.
Para higienizar de vez esse caldeirão, o que fazer com os milhares de enjeitados recalcitrantes, como controlar esse lumpesinato enfurecido que se engraçara com o messias em voga, indiferente à interminável pendenga jurídico-institucional entre Paraná e Santa Catarina? O jeito foi forçá-los a se virar como operários das multinacionais Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, a Brazil Railway Company, e Southern Lumber & Colonization (então a maior serraria da América do Sul). Ou, na pior das hipóteses, enxotá-los de suas glebas feito cães sarnentos, por não possuírem título de propriedade.
Isso sem falar nos 8 mil homens recrutados no Nordeste e no Rio de Janeiro como mão de obra quase escrava para tocar a ferrovia. Com seu término, em 1910, desempregados, eles viraram os potenciais novos “soldados do exército encantado de São Sebastião”: miséria por miséria, que fosse acreditando no improvável que poderia matar sua fome, em lugar da exploração de sua força de trabalho por ninharia e da serventia física e moral.
Foi quando o presidente Hermes da Fonseca, apavorado com que ali subsistissem cinzas de um monarquismo redivivo, mandou à região, armado até os dentes, inclusive com inéditos aviões, o general Setembrino de Carvalho, que acabara de liquidar um levante do Padre Cícero no Ceará.
Setembrino atuou com as PMs de Santa Catarina e do Paraná, coadjuvadas pelas milícias dos “coronéis”, os chamados “vaqueanos”, de infausta memória, que faziam o serviço sujo na cola do Exército, do qual recebiam soldo. Um a um eram fuzilados ou degolados os intimoratos recos da tropa celeste de “São Sebastião” (o mito do sebastianismo, restaurado nos sertões catarinenses, virara o mote da hora), em cujas fileiras estariam os combatentes mortos no Irani, tendo à frente “são” José Maria, lancetado naquele entrevero inaugural do Contestado (22 de outubro de 1912).
Conhecidos como “redutos” (eram mais de 40), e para os sertanejos, “cidades santas”, essas favelas, então inexpugnáveis “fortes de resistência” do jaguncedo, constituíam um misto de dormitório, rupestre praça de prédica, reza e batismos, justiçamento sumário e de ditames bélicos. Numa viagem dos tempos, dada a mesma matriz cristã, os sítios remontam ao espaço de fanatismo religioso, cega obediência e castigos aos índios, formatado pelos jesuítas nas missões da chamada “República Guarani” (1610-1776).
Improvisados e provisórios, estendiam-se a partir do Rio Iguaçu (divisa do Paraná), ao longo do Vale do Rio do Peixe (centro-oeste catarinense), até quase às margens do Rio Uruguai, que separa Santa Catarina do Rio Grande do Sul.
Como viviam infiltrados por aventureiros e fugitivos da lei, muitas vezes o epíteto “jagunço” fazia sentido. Em nome de um suposto ideal igualitário (“quem tem, mói, quem não tem, mói também”) pregado por “são” João Maria, nas suas ações guerrilheiras, derrotados nas tentativas de convencer quem os seguisse, punham-se a ameaçar a população civil, além de lhes surrupiar o gado, mantimentos, roupas e armas.
Na invasão de Curitibanos, quando incendiaram prédios públicos, assombrando autoridades e habitantes, houve quem visse em seus olhos aquele esgazeado próprio do fanático. Algo que corresponde ao que o historiador Maurício Vinhas de Queiroz (1928-1995), cujo livro Messianismo e Conflito Social (1966) é referência histórica, revela sobre os caboclos: o Contestado teria sido uma revolta alienada, seus protagonistas agiam como se fossem autistas, enfrentando as razias do general Setembrino de Carvalho com espadas de pau, crentes que ressuscitariam no Exército Encantado de São Sebastião...
Nessa, acabavam embaralhando agressão a símbolos opressores (obras da ferrovia, da serraria, sedes de fazendas, depósitos de armas, linhas telegráficas do Exército) com quem os apoiava clandestinamente (pequenos fazendeiros, comerciantes, políticos locais). Um terrorismo que foi corroendo e manchando a legitimidade reivindicatória do movimento por confundir algozes e vitimas.
Dissolvendo nossa useira e vezeira inconsciência, deboche e preguiça acadêmicas quanto à exegese da história oculta do Brasil, onde invariavelmente o campeão e o perdedor mentem, é preciso desossar o Contestado a partir de um mix entre o que foi e o que poderia ter sido. Ou seja, munido de um rigoroso approach desideologizado, onde os influxos morais permaneçam inoxidáveis.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Minha Educação Prejudicou-me em Vários Aspectos

A Minha Educação Prejudicou-me em Vários Aspectos

Dormi, acordei, dormi, acordei, vida miserável. (...) Quando penso nisso, tenho de dizer que a minha educação me prejudicou muito em vários aspectos. Não fui, de facto, educado num lugar longe de tudo, como por exemplo entre ruínas, nas montanhas; contra esse facto eu não poderia realmente exprimir a minha censura. Apesar de correr o risco de não poder ser compreendido por todos os meus antigos professores, eu bem preferiria ter sido um habitante dessas pequenas ruínas, queimado pelo sol que por entre os destroços me apareceria de todos os lados sobre a tépida hera, mesmo que eu a princípio houvesse sido fraco sob a pressão das minhas boas qualidades, que com a força da erva teriam crescido dentro de mim.

Quando penso nisso, tenho de dizer que a minha educação me prejudicou muito em vários aspectos. Esta censura aplica-se a uma quantidade de pessoas, ou seja, aos meus pais, a algumas pessoas de família, a alguns amigos da casa, a vários escritores, a uma certa cozinheira, que durante todo um ano me levou à escola, a um monte de professores (que nas minhas recordações tenho de comprimir num grupo estreito, que doutra maneira me falha um aqui e outro ali — mas, com os comprimir de tal modo fortemente, toda a massa se esboroa e desfaz a pouco e pouco), a um inspector escolar, a transeuntes vagarosos; em resumo, esta censura roda como um punhal pela sociedade e ninguém, repito, infelizmente ninguém tem a certeza de ver aparecer a ponta do punhal de repente na frente, atrás ou de lado. Não quero ouvir contradizer esta censura, porque já ouvi contradizer em demasia, e como me têm refutado na maior parte das réplicas, incluo estas na minha censura e declaro agora que a minha educação e esta réplica me prejudicaram muito em vários aspectos.
Franz Kafka, in 'Diário (1910)'

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Roosevelt

i like this: ''There's a great quote that saved me this past year by Theodore Roosevelt. A lot of people refer to it as the "Man in the Arena" quote. And it goes like this: "It is not the critic who counts. It is not the man who sits and points out how the doer of deeds could have done things better and how he falls and stumbles. The credit goes to the man in the arena whose face is marred with dust and blood and sweat. But when he's in the arena, at best he wins, and at worst he loses, but when he fails, when he loses, he does so daring greatly." 

A poem about shame
SHAME

Shame - take your shame I don’t need it
Take your criticism - given in a fit
You’ve shamed till I had no sense of self
You taught me I have no self worth - I am not worth one penny’s wealth
Your criticisms have told me - for you I can never do it good enough
And there were no “I love you’s” and all that other neat stuff
Telling me I was stupid and dumb
Made me fell like I would only be good company for a lowly bread crumb
All I ever wanted was to be accepted just for me
But you took that me away - and left me being a somebody I didn’t want to be
I became a people pleaser just for you
And even for you - that just wouldn’t do
You spanked me even when I was right
I felt there were times - you only wanted me out of sight
Even When I told the truth - you didn’t believe
It was only recently - the loss of my childhood I’ve been able to grieve
So take back your criticisms and shame
I wasn’t very good at it - it was a no win game
And while you’re at it - take back your blame - your guilt
There were no comfort for me - I would have much rather had - a nice soft quilt
Your shame, your guilt - made it hard for me to smile
I never felt comfortable laughing all that while
I needed your approval - when I was a little boy and to you I said “look daddy, look at what I have done”
Do you remember daddy - I was that little boy - the one you’d shun
Little Tommy will never be able to forgive you dad
These memories make Big Tom........sad
You are responsible for those mean, harsh, ugly words spoken
You are responsible for Little Tom’s heart broken
Yet I wish to put all that in the past
There’s a new me I’m building - and I want this Big Tom to last
My broken heart I’ve been able to mend
And these words of forgiveness to you I send
It is you dad I now forgive
For without this forgiveness - my life will be difficult to go on and live
I Love You Dad

Thomas Knudson

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Técnicas

11/11/2012 - 08h00

Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena

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LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO
Aquele 5 de fevereiro de 1970 foi um dia de festa no quartel do Batalhão-Escola Voluntários da Pátria, da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte. "Pelo menos mil pessoas, maioria de civis, meninos, jovens e velhos do bairro do Prado, em desusado interesse", segundo reportagem da revista "O Cruzeiro", assistiram à formatura da primeira turma da Guarda Rural Indígena (Grin).
Segundo a portaria que a criou, de 1969, a tropa teria a missão de "executar o policiamento ostensivo das áreas reservadas aos silvícolas". No palanque abarrotado, viam-se, sorridentes, autoridades federais e estaduais, civis e militares: o ministro do Interior, general José Costa Cavalcanti (um dos signatários do AI-5, de 13 de dezembro de 1968); o governador de Minas, Israel Pinheiro; o ex-vice-presidente da República e deputado federal José Maria Alkmin.

Guarda Rural Indígena

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Cena do filme "Arara", de Jesco von Puttmaker, que mostra cenas da formatura da 1ª turma da Guarda Rural Indígena, em 1970
Lá estavam também o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), José Queirós Campos; o comandante da Infantaria Divisionária 4, general Gentil Marcondes Filho --que ganharia fama no comando do 1º Exército em 1981, quando militares-terroristas tentaram explodir o Riocentro; secretários de governo e o comandante da PM local, coronel José Ortiga.
Os 84 índios, recrutados em aldeias xerente, maxacali, carajá, krahô e gaviões, marcharam embandeirados e com fardas desenhadas para a ocasião: calça e quepe verdes, camisa amarela, coturnos pretos, três-oitão no coldre.
Feito o juramento à bandeira, quando prometeram "defender a nossa Pátria" (conforme registrou reportagem publicada pela Folha), desfilaram para mostrar o que aprenderam nos três meses de formação, sob as ordens do capitão da PM Manuel dos Santos Pinheiro, sobrinho do governador e chefe da Ajudância Minas-Bahia, o braço regional da Funai.
JUDÔ
A primeira apresentação, de alunos de judô do tradicional Minas Tênis Clube, deu um ar benigno de confraternização infantil. Depois das crianças, foi a vez de os índios --todos adultos-- exibirem seus conhecimentos de defesa pessoal. Também "deram demonstração de captura a cavalo e condução de presos com e sem armas", conforme publicaria o "Jornal do Brasil" no dia 6, com chamada e foto na primeira página, sob o título "Os Passos da Integração".
O que nenhum órgão de imprensa mostrou --eram tempos de censura-- foi o "gran finale". Os soldados da Guarda Indígena marcharam diante das autoridades --e de uma multidão que incluía crianças-- carregando um homem pendurado em um pau de arara.
Gravadas há 42 anos, as cenas vêm a público pelas mãos do pesquisador Marcelo Zelic, 49, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Zelic coordena uma pesquisa colaborativa feita pela internet intitulada "Povos Indígenas e Ditadura Militar: Subsídios à Comissão Nacional da Verdade".
ARARA
Pesquisando no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, Zelic topou com o DVD "Arara", fruto da digitalização de 20 rolos de filme 16 mm, sem áudio.
A etiqueta levava a crer que se tratava de material sobre a etnia arara --índios conhecidos nas cercanias de Altamira (PA) desde 1850. Mas, em vez do "povo das araras vermelhas", como se denominam até hoje seus 361 remanescentes (dados de 2012), era outra "arara" que nomeava a caixa.
Tratava-se de pau de arara, a autêntica contribuição brasileira ao arsenal mundial de técnicas de tortura, usado desde os tempos da colônia para punir "negros fujões", como se dizia. Por lembrar as longas varas usadas para levar aves aos mercados, atadas pelos pés, o suplício ganhou esse nome.
No clássico "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil" (1835), que retrata a escravidão no país, o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), membro da Missão Francesa de artistas e cientistas que dom João 6º patrocinou para estudar e retratar o país, mostra um negro sendo castigado no pau de arara.
Na ditadura militar (1964-85), porém, o pau de arara só aparecia sob a forma de denúncia, estampando jornais alternativos, em filmes e documentários realizados por militantes oposicionistas.
Entranhada nos porões, a tortura jamais recebera tratamento tão alegre e solto quanto naqueles 26 minutos e 55 segundos, que exibem o pau de arara orgulhosamente à luz do dia, em ato oficial, sob os aplausos das autoridades e de uma multidão de basbaques.
Fotógrafos e cinegrafistas cobriram o evento, mas a cena, que assusta pela impudência, ficou de fora dos jornais e das revistas. Sobrou, ao que se saiba, apenas camuflada sob o título inocente.
O filme é parte do acervo sobre 60 povos indígenas, coletado durante quatro décadas pelo documentarista Jesco von Puttkamer (1919-94) e doado em 1977 ao IGPA (Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Descendente da nobreza alemã, mas nascido no Brasil, Von Puttkamer sabia o que era a repressão. Foi preso pela Gestapo quando concluía os estudos em química na Universidade de Breslau (Alemanha), por se recusar a se alistar no Exército durante a Segunda Guerra (1939-45). Safou-se ao provar que era cidadão brasileiro nato.
Trabalhou como fotógrafo no Tribunal de Nuremberg (1945-46), que julgou hierarcas nazistas por crimes de guerra. Já de volta, foi um dos fotógrafos oficiais da construção de Brasília (1956-60). Nos anos 1960, integrou pela primeira vez uma expedição em busca de tribos isoladas no Brasil central. Nunca mais largou os índios.
Deixou 43 mil slides, 2.800 páginas de diários de campo e filmes na bitola 16 mm que, desenrolados, chegariam a 330 km. São registros delicados e muitas vezes emocionantes da aproximação dos índios e de seu encontro com as frentes de exploração --e também das epidemias e mortandades por gripe, varíola e sarampo.
Em um documentário sobre Von Puttkamer, o sertanista Apoena Meirelles afirma: "Jesco nunca se promoveu, nunca enriqueceu, permaneceu no anonimato, mas seu trabalho possibilitou que se denunciasse e se documentasse muita coisa errada da política indigenista". É o caso das aulas de pau de arara.
GRIN
A formatura foi o ponto alto de uma longa preparação. Em 23 de novembro de 1969, reportagem no "Jornal do Brasil" mostrou os índios da Grin em sala de aula e contou o que aprendiam: princípios de ordem unida, marcha e desfile, instruções gerais, continência e apresentação, educação moral e cívica, educação física, equitação, lutas de defesa e ataque, patrulhamento, abordagem, condução e guarda de presos.
Em 12 de dezembro de 1969, nota no Informe JB, coluna política do "Jornal do Brasil", fazia troça de tipo racista dos "selvagens": "O presidente da Funai, Queirós Campos, dizia que a Guarda Indígena vai de vento em popa. Só há um problema, o do uniforme. Começa que não há jeito de fazer com que os futuros guardas usem botina ou qualquer tipo de sapato, [...] machuca-lhes os pés. O quepe já perdeu toda a tradicional seriedade porque é logo enfeitado com uma pena atravessada. Finalmente, a fivela e os botões não param no lugar certo pois, como tudo o que brilha, são invariavelmente colocados na testa e nas orelhas."
Na formatura, porém, botas, fivelas e botões tiniam, tudo no lugar e sem penachos ""o filme mostra o capitão Pinheiro se desdobrando para ajeitar os cintos dos soldados. A ressalva foram os cabelos: não houve quem convencesse os krahô a aparar as melenas que lhes desciam até os ombros. E assim eles desfilaram.
O ministro Cavalcanti discursou em nome do presidente Emílio Garrastazu Médici: "Nada até hoje me orgulhou tanto quanto apadrinhar a formatura [...] da Guarda Indígena, pois estou certo de que os ensinamentos recebidos por eles, neste período de treinamento intensivo, servirão de exemplo para todos os países do mundo".
No dia seguinte, "os índios líderes, hígidos, sadios, fortes e inteligentes", segundo Cavalcanti, embarcaram rumo a suas respectivas aldeias. Decolaram fardados, armados e com soldo mensal de 250 cruzeiros novos (pouco mais de R$ 1.000, em valor atualizado).
ANTROPOLOGIA
"Nunca vi cena como essa. Já vi muitos filmes antigos, de 1920, 1930, 40, 50, 60. Mas cena como essa do pau de arara nunca apareceu", disse Sylvia Caiuby Novaes, professora da USP, onde coordena o Lisa ""Laboratório de Imagem e Som em Antropologia. Ela assistiu ao filme "Arara" a convite da Folha.
"Isso, por um lado, é expressão do fato de os índios, naquele momento, muito antes dos celulares com câmeras, serem filmados o tempo todo. Desde os índios de 'cartão-postal' do Xingu, na época dos Villas Bôas, passando pelos 'índios gigantes', Silvio Santos filmando na Amazônia, os índios eram objeto no nosso olhar curioso", diz ela. "Eles eram aquilo que nós não éramos mais. O retrato da nossa alteridade. Moravam na 'Mata Virgem', eram [vistos como] puros, próximos da natureza."
Segundo a antropóloga, a cena do pau de arara demonstra a existência de uma "face muito sombria do contato entre o Estado brasileiro e os grupos indígenas". A face iluminada foram os esforços de "pacificação", encetada por iniciativa governamental e levada a cabo por homens corajosos e tantas vezes voluntaristas, como os irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas.
Primeiro como empregados e depois como líderes da Expedição Roncador-Xingu, os irmãos foram a ponta de lança do plano de ocupação do território brasileiro, a Marcha para o Oeste, anunciada à meia-noite de 31 de dezembro de 1937, em discurso radiofônico proferido por Getúlio Vargas, diretamente do Palácio Guanabara.
"O verdadeiro sentido de brasilidade é a Marcha para o Oeste", bradou Vargas. "No século 18, de lá jorrou o caudal de ouro que transbordou na Europa e fez da América o continente das cobiças e tentativas aventurosas. E lá teremos de ir buscar: dos vales férteis e vastos, o produto das culturas variadas e fartas; das entranhas da terra, o metal, com que forjar os instrumentos da nossa defesa e do nosso progresso industrial."
Os irmãos Villas Bôas embrenharam-se no Brasil central com a missão assinalada pelo presidente: "Encurtar distâncias, abrir caminhos e estender fronteiras econômicas". Construíram, por exemplo, 19 pistas de pouso ao longo de 1.500 km de picadas que abriram. Isso encurtou as viagens do Rio para os EUA, que, por falta de apoio em terra, eram bem mais longas, pois tinham de margear o litoral.
Os irmãos localizaram 14 povos indígenas desconhecidos. A maioria acabaria transferida para o Parque Nacional do Xingu, idealizado pelos irmãos Villas Bôas com o apoio do marechal Cândido Rondon (1865-1958), do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-97) e do sanitarista Noel Nutels (1913-73). O presidente Jânio Quadros, em 1961, assinou o decreto de criação do parque, garantindo uma área de 27.000 km2, quase uma Bélgica.
Já sob a ditadura, virou show midiático o trabalho de atração, contato e remoção dos índios encontrados no caminho das estradas em construção. Em abril de 1973, "O Cruzeiro" estampou na capa o título "Sensacional!", seguido pela chamada: "Orlando Villas Bôas fotografou com exclusividade os ÍNDIOS GIGANTES".
A foto mostrava os panará, então isolados e chamados de kreen-akarore. Além de ter suas terras invadidas por garimpeiros, estavam no meio do traçado da BR-163 ""que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Depois se viu que não se tratava de gigantes coisa nenhuma.
A população (ou o que restou dela) foi removida em 1975 para o Xingu, a 250 km da terra panará. "Fizemos isso porque eles estavam morrendo por causa do contato com os brancos", disse Orlando. Doenças e massacres já haviam eliminado dois terços dos panará.
REFORMATÓRIO
A Comissão Nacional de Verdade, cujos trabalhos incluem os crimes do Estado contra os índios, tem mostrado que, além de "atrair", "pacificar" e "remover", a política indigenista do regime de 64 também conjugou os verbos "reprimir", "punir" e "torturar". Obstinado em desenvolver um sistema de controle dos índios, o criador da Grin, capitão Pinheiro, ergueu em 1969 um reformatório-presídio para índios.
O Reformatório Krenak (assim chamado por ficar em terras dos krenak), em Resplendor (MG), perto da divisa com o Espírito Santo, funcionava como colônia penal e de trabalhos forçados, para "reeducar os desajustados e confinar os revoltosos que se recusavam a sair de suas terras tradicionais", explica Benedito Prezia, antropólogo e assessor do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), entidade ligada à Igreja Católica e responsável pelas mais contundentes denúncias de desrespeito aos direitos humanos dos índios brasileiros durante o regime militar. "Aquilo era um verdadeiro campo de concentração étnico", diz o pesquisador.
Nos registros oficiais consta a chegada de 94 índios ao Krenak entre 1969 e 1972, quando foram transferidos para a Fazenda Guarani, pertencente à PM de Minas Gerais, no município de Carmésia. Os motivos alegados para as prisões eram "atrito com chefe do posto indígena", "vadiagem", "uso de drogas", "embriaguez", "prostituição", "roubo", "saída da aldeia sem autorização", "relações sexuais indevidas", "pederastia", "homicídio", "agressão à mulher", "problemas mentais". Mas são registros incompletos, que não permitem que se entenda o que se passava no local.
Para José Gabriel Silveira Corrêa, 39, professor de antropologia da Universidade Federal de Campina Grande (PB), a ditadura foi "um momento de recrudescimento das práticas de violência que eram comuns nos postos indígenas".
"Ao formar a Grin e o Presídio e Reformatório Agrícola Krenak", diz Corrêa, "Pinheiro tornou sistemáticas essas práticas e ainda deu a elas uma aparência de legalidade, já que ele era o representante oficial do órgão de tutela estatal."
Ele diz ter escutado diversos "relatos de aprisionamentos, trabalhos forçados, regime de prisão solitária, surras e desaparecimentos de presos". Era uma prática de violência recorrente, "mas o pior de tudo é que o capitão fez com que fosse praticada pelos próprios índios, submetidos que estavam a um regime policial".
Benedito Prezia aponta o "caráter perverso" de transformar índios em "agentes colaboradores no massacre de seu próprio povo". Mas nem nisso a ditadura foi original, ele salienta. "Relatos de jesuítas no século 17 já mencionam o uso de indígenas para capturar negros da Guiné que haviam fugido do jugo da escravidão", diz.
Em tempos de "Brasil Grande", de integração nacional ("integrar para não entregar", dizia a propaganda oficial) e da construção de estradas como a Transamazônica rasgando a floresta, os índios estiveram no centro do maior projeto estratégico do regime militar.
Apesar disso, curiosamente "a narrativa sobre os crimes da ditadura em relação aos direitos humanos quase nunca inclui a questão indígena", observa Marcelo Zelic. Ele arrisca uma hipótese: "No fundo, isso mostra como, mesmo nos círculos democráticos mais combativos, as populações indígenas ainda não são vistas como portadoras de direitos."
BALANÇO
Três anos depois da pomposa formatura da primeira turma da Grin, o jornalista José Queirós Campos, presidente da Funai, já tinha sido apeado do cargo e substituído pelo general Oscar Jerônimo Bandeira de Mello. Fazia-se o balanço das ações.
"Tudo deu errado", cravou o jornal "O Estado de S. Paulo" em outubro de 1973, em reportagem escondida na parte inferior da página 52, perto dos classificados.
Sobravam denúncias de espancamentos, arbitrariedades, insubordinação e até estupros cometidos pelos guardas que retornaram às aldeias. Na ilha do Bananal, um caboclo foi pego com quatro garrafas de cachaça (o que era proibidíssimo pela Funai). Apurou-se que foi obrigado "a praticar orgias com guardas carajás".
Os jornais relataram a tortura cometida por guardas indígenas contra um pescador, também flagrado com cachaça para uso pessoal. Preso, foi obrigado a ir caminhando até a delegacia, a cinco quilômetros de distância, sob golpes de borduna.
Outro agente da Grin usou o soldo que recebia para montar um bordel na aldeia. A situação chegou a tal ponto, ainda segundo "O Estado de S. Paulo", que o cacique carajá Arutanã, da ilha do Bananal, pediu à Força Aérea Brasileira (FAB) que extinguisse a Grin.
Em 1972, sem glórias, Pinheiro já havia sido destituído da Funai. Não se formaram novas turmas. No final da década a Guarda Rural Indígena começou a ser desmobilizada. Segundo Corrêa, isso não bastaria para extinguir suas práticas de violência. "Há relatos sobre índios que, atualmente, quando precisam punir alguém, levam-no às proximidades da casa do 'capitão' indígena, amarram-no em árvores e surram-no, revivendo antigas práticas ensinadas pelo órgão tutelar".
"O reformatório e a Guarda Indígena são apenas exemplos do muito que há a investigar pela Comissão Nacional da Verdade", diz Zelic. "Outros casos já estão em levantamento, como o dos guarani-caiová, que sofreram algo que beira o genocídio nas remoções feitas durante a ditadura."
E conclui: "Só assim, com a verdade, a sociedade não índia entenderá a necessidade de respeitarmos as terras e os direitos dos povos indígenas".

domingo, 11 de novembro de 2012

Igreja

A PRESENÇA DA OPUS DEI NA POLITICA NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA




Bento XVI saúda D. Javier Echevarría Rodríguez, Bispo titular de Cilibia, Prelado da Prelazia Pessoal do Opus Dei, Foto Flickr (Escritório de informação do Opus Dei

Título original: A Ópus Dei na América Latina
  A Opus Dei atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil.
O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado.
O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo").

Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP (na sigla em espanhol).
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Analisando a estrutura de classes dos países latino-americanos, Darcy Ribeiro identificava como segmento hegemónico dentro das classes dominantes o corpo de gerência das transnacionais. Ponta de lança do imperialismo, é ele quem dita ordens e impõe ideologias às demais fracções e, em muitos casos, organiza-as politicamente. A desnacionalização das economias latino-americanas na década de 90 agravou este quadro. A alteração de mais relevo no perfil da classe dominante verificada no bojo deste processo é o crescimento da influência da Opus Dei. Sustentada pelo capital espanhol, a organização controla jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político no continente, inclusive no Brasil, onde quer eleger Geraldo Alckmin presidente da República.

Procissão Católica na Espanha, berço da Opus Dei.
Mas o que é afinal, a Opus Dei (em latim, Obra de Deus)?
Em seu campo original de atuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".
Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."
Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.
Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juizMárcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei – os bastidores". Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.
No site que mantém com outros dissidentes (http://www.opuslivre.org/), Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.
A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes,como o numerário Inácio Poveda e o diretor Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra atua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).

Fazendo a América
Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e órgãos governamentais. No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as da Cidade do México, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exatamente o integralismo católico.
Alberto Moncada, outro dissidente, conta em seu livro "La evolución del Opus Dei": "os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los – ocasião que não hesitou em aproveitar".
No Brasil, a organização deitou raízes em São Paulo no começo da década de 50, concentrando sua atuação no meio jurídico. O promotor aposentado e ex-deputado federal Hélio Bicudo conta que por duas vezes juízes tentaram cooptá-lo. Seu expoente de maior destaque foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)por Médici em 1972 e tio do atual governador de São Paulo. Acontece que nos anos 70, o poder da Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (T.F.P.) as simpatias dos católicos de extrema-direita.
Era natural, da mesma forma, que, alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Emilio J. Corbiere , sua atuação era ainda dispersa, o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).
Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime,Jaime Guzmá, era membro activo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares.

No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.

Internacional reacionária
A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espécie de Internacional reaccionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.
Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas.
A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia á Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o sector também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.
No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os ativos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
"A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero" compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano "La Jornada".
A organização atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil. O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo"). Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP (na sigla em espanhol).
Sedeada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela).
Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo "El totalitarismo católico em el Peru", o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes.
Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP).
Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas últimas eleições presidenciais chilenas em Dezembro. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckmin presidente e formar um eixo geopolítico com os governos Álvaro Uribe (Colombia) e Vicente Fox (México), aos quais está intimamente associada.

Entranhas mafiosas
Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano "L´Expresso", a Obra determina que "os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei."

Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos.
Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como "Santa Máfia",Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos activos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancosComercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de "El Observador") e de Crédito Provincial (Argentina).
Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei.
No Brasil, as pretensões de controlo sobre o Judiciário esbarram no poder dos Maçons.
A Opus Dei controla, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertencem à organização – proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%.
Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos.
A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Mácio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, é motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.

por Henrique Júdice Magalhães
Blog GeoSapiens leia Como a Obra faz sofrer a família
http://entrancodeviceversa.blogspot.com.br/2012/10/a-presenca-da-opus-dei-na-politica-no.html