O MONÓLOGO DE HAMLET
Ser ou não ser, eis a questão!
O que é mais nobre para o espírito?
Sofrer na alma os dardos e as setas de um ultrajante fado
Ou, resistindo, pegar em armas contra um mar de desgraças,
para por-lhes um fim?
Morrer… dormir… nada mais.
E, com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração
e os mil naturais conflitos que constituem a herança da carne!
Que fim poderia ser mais devotamente desejado?
Morrer… dormir… Dormir!… Sonhar talvez !?!
Sim, eis aí a dificuldade!
Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar
que sonhos possam sobrevir, durante o sono da morte,
quando tenhamos nos libertado do redemoinho da vida.
Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa!
Porque, senão, quem suportaria os ultrajes e os desdéns do tempo,
a injúria do opressor, a afronta do soberbo, a angústia do amor desprezado,
a morosidade da lei, as insolências do poder
e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno,
se ele próprio poderia encontrar quietude pela ponta de um punhal?
Quem preferiria suportar tão duras cargas,
gemendo e suando sob o peso de uma vida fatigante,
se não fosse o temor de algo depois da morte,
região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou,
confundindo nossa vontade
e impelindo-nos a suportar os males que nos afligirem,
ao invés de nos atirarmos a outros que não conhecemos?
E é assim que a consciência nos transforma em covardes;
E é assim que o primitivo verdor de nossas resoluções
se estiola na pálida sombra do pensamento;
E é assim que os empreendimentos de maior alento e importância,
com tais reflexões, desviam seu curso
e deixam de ter o nome de AÇÃO.
WILLIAM SHAKESPEARE
(26/04/1564 – 23/04/1616)
Ser ou não ser, eis a questão!
O que é mais nobre para o espírito?
Sofrer na alma os dardos e as setas de um ultrajante fado
Ou, resistindo, pegar em armas contra um mar de desgraças,
para por-lhes um fim?
Morrer… dormir… nada mais.
E, com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração
e os mil naturais conflitos que constituem a herança da carne!
Que fim poderia ser mais devotamente desejado?
Morrer… dormir… Dormir!… Sonhar talvez !?!
Sim, eis aí a dificuldade!
Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar
que sonhos possam sobrevir, durante o sono da morte,
quando tenhamos nos libertado do redemoinho da vida.
Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa!
Porque, senão, quem suportaria os ultrajes e os desdéns do tempo,
a injúria do opressor, a afronta do soberbo, a angústia do amor desprezado,
a morosidade da lei, as insolências do poder
e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno,
se ele próprio poderia encontrar quietude pela ponta de um punhal?
Quem preferiria suportar tão duras cargas,
gemendo e suando sob o peso de uma vida fatigante,
se não fosse o temor de algo depois da morte,
região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou,
confundindo nossa vontade
e impelindo-nos a suportar os males que nos afligirem,
ao invés de nos atirarmos a outros que não conhecemos?
E é assim que a consciência nos transforma em covardes;
E é assim que o primitivo verdor de nossas resoluções
se estiola na pálida sombra do pensamento;
E é assim que os empreendimentos de maior alento e importância,
com tais reflexões, desviam seu curso
e deixam de ter o nome de AÇÃO.
WILLIAM SHAKESPEARE
(26/04/1564 – 23/04/1616)
Nenhum comentário:
Postar um comentário