terça-feira, 26 de março de 2013

USP sobe no ranking baseada em trabalho semi-escravo

Diana Assunção: USP sobe no ranking baseada em trabalho semi-escravo

publicado em 25 de março de 2013 às 10:52

por Luiz Carlos Azenha
Diana Assunção me chamou a atenção, via Facebook, para seu livro A Precarização tem Rosto de Mulher, sobre a luta das trabalhadoras da Universidade de São Paulo por melhores condições de trabalho. A abordagem é inovadora, pois destaca o protagonismo das próprias mulheres ao longo da luta social. Mulheres, majoritariamente negras, terceirizadas, que ganham de salário o que outros funcionários ganham de Vale Refeição.
É um tema atualíssimo: Márcio Pochmann trata disso em Nova Classe Média?, no qual argumenta:
Seja pelo nível de rendimento, seja pelo tipo de ocupação, seja pelo perfil e atributos pessoais, o grosso da população emergente não se encaixa em critérios sérios e objetivos que possam ser claramente identificados como classe média. Associam-se, sim, às características gerais das classes populares, que, por elevar o rendimento, ampliam imediatamente o padrão de consumo. Não há, nesse sentido, qualquer novidade, pois se trata de um fenômeno comum, uma vez que trabalhador não poupa, e sim gasta tudo o que ganha. Em grande medida, o segmento das classes populares em emergência apresenta-se despolitizado, individualista e aparentemente racional à medida que busca estabelecer a sociabilidade capitalista. (…) Percebe-se sinteticamente que a despolitizadora emergência de segmentos novos na base da pirâmide social resulta do despreparo de instituições democráticas atualmente existentes para envolver e canalizar ações de interesses para a classe trabalhadora ampliada. Isto é, o escasso papel estratégico e renovado do sindicalismo, das associações estudantis e de bairros, das comunidades e base, dos partidos políticos, entre outros.”
[Ouça aqui uma entrevista do Márcio sobre o assunto]
Ruy Braga, em A Política do Precariado, trata de um tema relacionado de forma mais ampla e corrosiva.
Clique abaixo para ouvir o debate que ele travou sobre o assunto na USP, com o André Singer (no qual Ruy faz uma releitura do sindicalismo lulista dos anos 80).
Não podemos nos esquecer de Infoproletários, da Boitempo, escrito em parceria por Ricardo Antunes e Ruy Braga, que trata da degradação real do trabalho virtual.
E nem mesmo das denúncias da presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, sobre o papel do próprio Banco Central no enfraquimento da categoria.
Paulo Kliass nos fala dos riscos para a atual legislação trabalhista o mesmo alerta do senador Paulo Paim.
Ana Tércia Sanches, por sua vez, denunciou a lei da terceirização generalizada e o Brasil de Fato elencou a ofensiva contra os direitos trabalhistas em 2013.
Temos, portanto, um quadro generalizado de precarização das condições de trabalho, do uso das novas tecnologias de informação para sobrecarregar os trabalhadores, da terceirização e de outros golpes para reduzir direitos sociais. Enquanto isso, a coalizão dirigida pelo Partido dos Trabalhadores assiste a quase tudo, protestando aqui, atuando ali, às vezes inerte e às vezes, de forma dissimulada, colaborando com a lucratividade dos que financiam as campanhas do partido em detrimento dos trabalhadores que diz representar.
Fiquem com a boa entrevista da Diana, que é funcionária da Faculdade de Educação da USP e descreve uma aliança improvisada entre trabalhadoras de limpeza e estudantes para fortalecer a luta social delas. A USP tem subido no ranking das melhores do mundo, mas o que há escondido sob o tapete?
Clique na setinha cinza abaixo para ouvir a entrevista:
Leia também:
Mike Whitney: Uma campanha clandestina contra os direitos sociais na Europa 

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